domingo, 5 de junho de 2011

O Livro do Artista (2/2) por Rony Bellinho

(continuação da primeira parte)

"Trouxa"  Artur Barrio

Pense numa matéria "revolucionária".
Pense num artista que prima pela "anti-obra-prima".
Que sempre -usa o cúmulo como um fruto proibido, gerado da união entre a audácia e o ápice.
Pois Barrio impressiona pela sua forma -única- de tramar sua obra, quase sempre, "dionisiacamente", nesse estágio de apogeu como um Dionizio carbonário, um estilo "zapatista" de criar; com sua mente "tupamara", contrariando aqueles legionários fiéis que insistem em proteger a múmia ridente da Beleza de seus detratores; ou o Império do Belo, esse monarca-adiado, sempre aclamado quando reinando no que Jorginho  Guinle chama de:
"SUBLIME HOMOGÊNEO"

Pense num livro feito de carne...
Páginas de alcatra? Um único tomo, fração recortada do boi?
Servindo, (re-significando), perecivelmente vivo..., certo é que Barrio sempre primou (como ninguém, na Arte Brasileira), na carne-viva da ousadia, aberta e exposta; um estilo que lateja no nervo; lembremos suas trouxas ensanguentadas - ods anos 70- embrulhadas em jornal, menção de "corpos" amontoados, artista sem precedente, faz de sua trajetória um caminho único; seus trabalhos são "MOLOTOVS" arremessados contra a cidadela crítica, paladinos da teorização, cleros curatoriais...

Seu livro de carne registra seu conceito do objeto ante à materialidade da metáfora, objetivando-a organicamente, no caso, dando ao "seu livro" um tratamento, um arranjo dadaístico levado ao auge anárquico da forma às suas últimas e desconcertantes consequências: utilizando para o livro, a mesma matéria formativa a todo homem: "conteúdo" escrito no continente de sua carcaça...

Rony Bellinho

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